Opinião

Industrialização da construção: um desafio a ser superado

Por Alex Kuhn
Representante local na Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção

Aprofundando a análise de um desafio persistente na história da construção civil brasileira, deparamo-nos com a quase ausência de processos industrializados. O setor atualmente opera majoritariamente de maneira artesanal, uma realidade que contrasta com a década de 1980, quando essa abordagem era justificável devido à ampla disponibilidade de mão de obra em diversos níveis, desde o mais básico até o altamente qualificado. No entanto, ao longo do tempo, essa dinâmica evoluiu.
Só para ilustrar e fazer-nos refletir, hoje em dia, o filho de um pedreiro já não segue necessariamente a mesma profissão do pai, ate mesmo porque ele encontra um amplo leque de opções de cursos técnicos, faculdades e treinamentos. Esse declínio ao longo das gerações resultou em uma escassez de mão de obra de canteiro e, consequentemente, em custos mais elevados para as empresas de construção, afetando o custo da contratação. Ao abrirmos o leque para todos os elementos envolvidos em uma obra, a situação se torna ainda mais complexa.
Por exemplo, no método convencional de alvenaria, amplamente utilizado no Brasil, o planejamento ocorre a curto prazo, mas a execução demanda um período longo. Por que essa demora na construção? Porque as correções que deveriam ter sido feitas durante o planejamento são realizadas durante a obra. Isso impacta o prazo de entrega e representa custos adicionais no canteiro de obras, como vigilância, água, energia elétrica e aluguel de equipamentos. Além disso, há o aumento do custo das matérias-primas devido à inflação.
Porém já está em andamento no Brasil o movimento em direção à industrialização na construção civil - um avanço inexorável. Nesse contexto, o sistema conhecido como steel frame representa uma excelente opção. Esse método utiliza painéis de parede fabricados com perfis de aço galvanizado em ambiente controlado, sem desperdícios e com possibilidade de produzir em série em um conceito offsite (fora do canteiro). A construção civil regional já faz uso dessa tecnologia há mais de 20 anos, obtendo resultados excelentes com o método, onde os painéis de parede chegam ao local da obra prontos para serem montados.
Mas a relevância disso é o impacto no déficit habitacional, especialmente no Programa Minha Casa, Minha Vida, para oferecer agilidade na solução do problema de falta de moradia. Portanto, é crucial considerar a industrialização da construção civil no contexto dos programas de habitação popular, mas para que isso faça sentido aos cidadãos, é necessário estabelecer um sistema financeiro adequado. Atualmente, 80% do valor do imóvel é financiado, enquanto os 20% restantes são pagos ao longo da construção.
Portanto, na era do carro elétrico, dos sistemas fotovoltaicos nos telhados das construções, das compras sem sair de casa e do trabalho remoto, nunca se fez tão necessária uma residência tecnológica, construída de forma rápida e precisa, ofertando a seu usuário maior conforto e economia, sem problemas patológicos e com alto custo de manutenção. Não precisamos passar frio dentro de casa. Mesmo gastando muito em energia, a construção industrializada traz todas essas tecnologias do mundo desenvolvido, oriundo de grandes empresas comprometidas em consolidar esses sistemas sem defeito no Brasil.


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